Editus lança ´Rasuras grapiúnas´, de Rita Lírio
A Editus, (Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz) lança o livro “Rasuras grapiúnas: linguagem, memória, história e gênero na obra de Euclides Neto”, de autoria de Rita Lírio de Oliveira. A solenidade de autógrafos será no Foyer do Centro Cultural Adonias Filho, em Itabuna, no dia 17 de outubro, a partir das 18 horas.
O livro apresenta um estudo teórico-crítico sobre as narrativas ficcionais do escritor Euclides Neto que, em seus romances, denuncia as desigualdades entre os senhores do cacau e os trabalhadores e trabalhadoras rurais do Sul da Bahia, a região grapiúna. São 256 páginas que desnaturalizam uma ordem social estabelecida. A obra de Rita se faz necessária não apenas pela contribuição crítico-literária, mas especialmente pela atualidade.
É um livro para todos os que amam esta terra e a sua literatura, explica a autora, “uma escavadora de palavras, que a cada parágrafo intensifica na alma do leitor sabor da terra amarronzada pelo húmus vivificante da Mata Atlântica, o cheiro do cacau e a valorização da mãos calejadas pelo suor e pelo sangue do labor não reconhecido pelas elites de uma época assoberbada pela arrogância e ganância”.
Rita Lírio viaja num universo literário de um cidadão de formação e militância político-ideológica social-marxistas, Euclides José Teixeira Neto. Esse criador de cabras e idealizador da Fazenda do Povo, soube expor na sua obra os embates decorrentes dos contrastes e da exploração do homem simples pelos detentores das riquezas e das propriedades das terras grapiúnas. Trata-se de um retorno às questões da terra, cujas feridas reveladas por Euclides, na obra da pesquisadora, podem ser revistas em suas cicatrizes que em tempos atuais ainda gemem por justiça.
“O livro pode levar o leitor das folhas douradas dos cacauais aos pelourinhos existenciais vivos e vividos pelos trabalhadores e trabalhadoras do Sul da Bahia. As pesquisas de Rita comprovam, através da obra de Euclides, que “a condição da mulher no espaço rural do Sul da Bahia era análoga ao das mulheres inglesas em suas posições sociais no meio rural, marcadamente sexistas e imbricadas com as questões de classe, raça e ruralidade. As mulheres dos coronéis representadas em suas obras ficcionais estavam limitadas a cuidar do lar e, de certa forma, eram intocáveis; as mulheres pobres, por sua vez, desempenhavam serviços domésticos e não eram “pessoas”, mas propriedades dos homens, existindo para servir-lhes”.
A obra destaca, ao final, que em seu “trabalho de representação”, Euclides Neto possibilita ao leitor pensar o “outro” para além de imagens estereotipadas e convencionalizadas na história da literatura regionalista e que, de certa forma, ainda se encontram presentes no imaginário do povo brasileiro”.
A Autora
Rita Lírio de Oliveira, nasceu em Itabuna e passou parte da sua adolescência na Fazenda Pedra Grande, em Floresta Azul. Graduada em Letras e Mestra em Linguagens e Representações, pela Uesc. Participou do grupo de pesquisa Identidades Culturais e Expressões Regionais, coordenado pela professora Tica Simões. É doutora em Literatura e Cultura, pela UFBA. É professora na Educação Especial e Inclusiva com o Acompanhamento Educacional Especializado de Aluno, no Centro de Apoio Pedagógico Grapiúna, em Itabuna.
A professora e pesquisadora tem paixão por educar e percebe a Leitura Literária como um dos meios mais encantadores para desenvolver no sujeito a sua parcela de humanidade. Assim, vai deixando em seu caminho sementes que germinem a igualdade, e criticidade e o princípio da alteridade.